Vejo muitas mulheres que já passaram dos 35 anos preocupadas com a maternidade. O sonho de ser mãe começa a ficar ameaçado à medida em que ou ainda não estão preparadas para esse momento ou não encontraram a pessoa certa para dividir a responsabilidade. Ser mãe tardiamente tem lá seu preço. Minha filha mais velha nasceu eu tinha quase 37 anos e quando chegou a mais nova, praticamente de surpresa 7 anos depois, isso me assustou um pouco.
Não é o ideal ser mãe a essa altura, na minha opinião, mas ao mesmo tempo acho que a maturidade também é muito importante para assumir esse papel. Eu mesma nasci quando minha mãe tinha 42 anos, e, com o passar do tempo, comecei a sofrer por medo de perdê-la ainda jovem. Embora tenha vivido até os 86 anos, ela se foi sem conhecer sua netinha caçula, no caso a minha filha.
Sempre que me perguntam sobre esse assunto, de ser mãe depois dos 40, falo que é preciso ter coragem, paciência e muito amor. Na gestação da minha segunda filha, tive inúmeras preocupações que não existiam antes. Após os 40, além de ser mais difícil a gravidez, aumentam muito mais as chances de erros na divisão celular do embrião, o que traz receio de filhos com problemas. Por isso, os cuidados são muito maiores.
Quando engravidei depois dos 40, a ginecologista pediu uma série de exames e me indicou a um geneticista para uma avaliação. No histórico familiar tanto do meu marido quanto meu não havia casos de nenhuma síndrome, mas com a idade esse risco aumenta bastante. A consulta com o médico geneticista nos deixou em pânico, embora estivéssemos decididos a realizar todos os exames necessários. Quando, com 13 semanas de gravidez, fiz o exame para detectar alterações cromossômicas e descobri que teria uma filha normal, o alívio foi enorme e, a partir daí, foi só curtir e esperar sua chegada com muito amor.
Por ter estabilidade financeira, estar mais madura, paciente e menos preocupada consigo mesma, ser mãe nessa idade é muito bom. Me realizei completamente como mulher aos gerar minhas duas filhas. A segunda é a que bagunça “o coreto” aqui, mas é a que mais nos faz ter certeza de que vale muito a pena todos os sacrifícios dessa vida. E toda vez que ela me abraça e me diz “você é a melhor mãe do mundo” eu tenho ainda mais certeza disso.
Campinas, 29/01/2021