Era uma segunda-feira típica: roupa logo cedo na máquina, arrumação dos quartos, recolher o lixo, dar aquele ‘tapa’ na bagunça do fim de semana, preparar o almoço e, entre uma tarefa e outra, uma corrida no escritório para ver as atividades do dia, textos, e-mails, mensagens para responder.
Mas, na segunda vez descendo rápido as escadas para ver a panela no fogo, uma pisada em falso e o grito desesperado de dor. Caí e torci o tornozelo. Ou torci o tornozelo e caí. Que susto, um inchaço enorme surge de repente, junto com minha filha pequena correndo para me socorrer. Ainda sem condições de entender a situação e de conseguir me levantar do chão, fico sentada ali naquele último degrau de escada, sobre aquela pedra branca e gelada, celular na mão, sem saber o que fazer.
Minha filha traz gelo para pôr na lesão, um copo de água para baixar a adrenalina e corre com o lixo para não perder a hora, vai à cozinha ver a panela de arroz e liga para o pai, contando o que aconteceu. Falo com ele, que me responde: “mantenha a calma que já estou indo para aí te levar ao hospital.”
Um pouco melhor, consigo ir com um pé só até o sofá e me deito esperando por ele para me ajudar a subir as escadas, tomar um banho e me trocar para ir ao médico. Ele me auxilia no banho, a me trocar, descer as escadas, finaliza o almoço.
Deixamos a filha na escola e fomos. Consulta, exames, compra de imobilizador, sempre me ajudando a andar e me sentar e me deitar, água na mão, comida no prato, todo cuidado naquele dia e nos seguintes.
Um pequeno acidente, algo não esperado, provando como o amor, o respeito, o carinho e o cuidado são essenciais numa vida a dois. Assim deve ser o casamento dia a dia. Meu querido marido, mais uma vez, confirma estar ao meu lado em todas a horas, alegres ou tristes, de dor ou prazer.
Campinas, 16/11/2020