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Deia, vou sentir muito a sua falta

Deia

Todo mundo me pergunta como consigo manter a mesma empregada doméstica há 15 anos e eu me pergunto como ela me aguenta há tantos anos. Na verdade, nossa relação é de amigas, de companheiras, de duas mulheres que precisam trabalhar para ganhar a vida. Ela sempre me ajudando a cuidar das minhas filhas, da casa, de tudo, e eu podendo exercer minha profissão e tendo condições de mantê-la comigo por esse tempo todo.

Quando ela veio para a entrevista de emprego num sábado de manhã, logo percebi seu jeito de se impor, para não dizer de mandar. Olhou para a carinha da minha filha mais velha, na época com cinco meses de idade, e já implicou com a roupa, que deveria estar passando frio. O acerto foi feito no mesmo dia e, desde então, ela cuidou dela e, 7 anos depois, também da mais nova com amor e carinho de mãe.

E o amor e o respeito das meninas por ela são mesmo de filhas. Aliás, às vezes, dá um certo ciúme com o bom dia e o abraço que ela recebe enquanto eu, nada. Mas não ligo porque sei que a relação é verdadeira e será sempre assim.

Estou me preparando para sua despedida no final do ano, quando ela irá “se aposentar”. Não será uma aposentadoria ainda, mas irá aproveitar mais a vida no seu refúgio perto da represa, cuidando de suas plantas, de sua casa, tudo com mais tranquilidade. Não vai mais madrugar, enfrentar quatro ônibus por dia, levando duas horas para fazer um percurso de 30 quilômetros.

Minha caçula disse outro dia: “Não sei como vai ser minha vida sem a comida da Deia”. A comida a gente faz, a roupa a gente lava, a casa a gente limpa, mas como vão ser as manhãs sem ela para repercutir as notícias do jornal, para dividir uma preocupação, para contar um segredo. Depois da minha mãe, a mulher que mais fez por mim nesse mundo é ela: Maria Andre Cachiado, a Andreia, a Deia…Vou sentir muito sua falta.

Parabéns pelo seu aniversário!

Campinas, 29/08/17

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